Goldemberg  destacou três razões pelas quais a ciência e a tecnologia são importantes para países emergentes, como o Brasil. A primeira delas é que, mesmo para importação de tecnologias, é preciso ter pessoas com suficiente capacitação para escolher a melhor opção que será adotada pelo País. “O setor privado faz isso o tempo todo e os governos também precisam disso, de pessoas capacitadas para fazer suas escolhas”, afirmou.

A segunda razão é que países em desenvolvimento têm algumas características próprias que permitem implementar tecnologias que efetivamente não foram exploradas adequadamente pelos países centrais.

Na avaliação de Goldemberg, que também é presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), um dos melhores exemplos nesse sentido, no caso do Brasil, é o do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), iniciado em 1975, que incentivou a pesquisa sobre o uso de álcool produzido a partir de cana-de-açúcar como combustível para veículos automotores e o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor automotivo, o que possibilitou a produção do biocombustível em larga escala no País.

A terceira razão, segundo ele, é que há pessoas talentosas em todos os lugares do mundo e que avanços nessas áreas ocorrem também em países que não são centrais, o que pode acontecer no Brasil também. Ele citou como exemplo o físico e químico neozelandês Ernest Rutherford (1871-1933), que se tornou conhecido como o “pai” da Física nuclear, quando a Nova Zelândia ainda era uma colônia.